A vitória da miopia
O jogo de ontem entre Portugal e Holanda, para os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo 2006, descrito em várias manchetes como uma batalha, foi um jogo de nível baixo e violento, uma vergonha. Não dignificou Portugal, ainda menos a Holanda, muito menos o futebol.
O facto da selecção de Portugal ter atingido o alvo - a vitória e a passagem aos quartos de final - não nos devia impedir de reflectir sobre o que se passou e de tentar (novamente) aprender com as más experiências.
É verdade que a Holanda começou com o abuso da agressividade. É verdade que a equipa de arbitragem falhou na avaliação da gravidade de alguns lances que inquinaram a partida e o fair-play dos jogadores desde bastante cedo. No entanto, Portugal nada fez para não embarcar no mesmo tom.
As duas selecções creram ter a razão do seu lado, e a justiça por mãos próprias pareceu mais satisfatória que a aplicada pelo juiz. O "profissionalismo" dos jogadores e o respeito pelos países que representam não foram suficientes para convencê-los que os portugueses e os holandeses não queriam ser lembrados por um jogo assim.