08 fevereiro 2006

Intolerância e caricaturas

A liberdade de expressão é um direito nos estados democráticos, onde o conteúdo e a forma dessa expressão são da responsabilidade dos seus autores.

A intolerância da caricatura
As caricaturas são ofensivas porque retratam o profeta Maomé e o colocam em circunstâncias que implicam a religião islâmica como a raiz da ameaça terrorista que se desenvolveu no imaginário ocidental depois dos ataques de 11 de Setembro. Alguém que trabalhe em jornalismo, acompanhando com especial atenção a realidade do mundo islâmico, deve ter tido alguma ingenuidade ou falta de preparação sobre a matéria para não ver nesses cartoons uma acusação ao islamismo. Deixou-se de lado a acusação aos reais perpetradores para acusar uma ideologia de estar na origem do mal. Não penso que seriam previsíveis as demonstrações que aconteceram, mas também não se deveria ter chegado a este ponto para perceber o erro que se cometeu.

A caricatura da intolerância
Alguns lideres islâmicos não compreendem que a ofensa não foi feita pelo estado mas pelos órgãos de comunicação que têm o direito de livremente se exprimirem nesse estado. Outros simplesmente não aceitam que o estado não tenha uma palavra a dizer (leia-se, o poder da censura) de forma a controlar o que é publicado nos "seus" jornais. De uma ou de outra forma o estado é implicado numa situação na qual nunca esteve na origem. Os manifestantes são incentivados a mostrar a sua indignação pela falta de respeito cometida contra o Islão, mas nunca vi os mesmos terem manifestações de indignação quando são outros, que não eles, as vítimas da falta de respeito, raptos, actos de vandalismo ou ataques terroristas.

É inútil apresentar pedidos de desculpa porque não há ninguém, de um ou outro lado, que queira oferecer o perdão.

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