11 setembro 2006

Lembrar (na primeira pessoa)

Eu tinha acabado de almoçar, e ouvi as pessoas na rua comentarem o acidente do avião que tinha embatido com uma das Torres Gémeas. Depois de ir do banco fiquei a saber que um outro avião tinha embatido na outra torre. Ao regressar ao escritório, fiquei colado ao rádio. Vieram as notícias dos outros dois aviões.

A hipótese inicial de acidente já tinha sido eliminada. As questões que se punham nesse momento eram: "quantos aviões estão a ser atacados" e se "há ataques a voos fora dos Estados Unidos". Não consegui ficar esclarecido até à hora em que saí para ir ao aeroporto. A espera foi terrível: uns minutos antes do primeiro ataque a minha mulher tinha partido num voo de Londres para Lisboa.

Ao chegar ao aeroporto verifiquei que a chegada estava prevista com alguns minutos de atraso. Durante esses minutos tive dificuldade em pensar noutras coisas. Só falar com Deus me ajudava.

Vários minutos depois o avião aterrou, era o que me mostrava a lista das chegadas.

As portas para o átrio estavam abertas. Quando as atravessou, os nossos olhares trocaram-se e isso foi o suficiente para mostrarmos alívio e ficarmos mais tranquilos. Beijámo-nos e abraçámo-nos com algum nervosismo. Só ao aterrar em Lisboa, por questões de segurança, o comandante do seu voo tinha informado os passageiros dos ataques nos Estados Unidos.

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