Londres, ontem
'Savagely woken from a pleasant dream'
James Meek
Ontem de manhã, no meu caminho vindo de casa, dei um salto a um quiosque de jornais para comprar umas pilhas. O vendedor estava a falar ao telefone, com tristeza, sobre as atrocidades e enquanto me atendia eu lembrei-me de ter ido ao mesmo quiosque, mais ou menos à mesma hora, na manhã de 11 de Setembro de 2001. O vendedor é asiático e lembro-me que, enquanto estava lá, uma mulher branca, nos seus cinquenta, espreitou por detrás da porta e disse-lhe: "Não se preocupe, nós sabemos que não queria isto."
Era uma garantia pouco confortável e ambígua. Aquele tipo de "não se preocupe" que, se eu fosse um vendedor num quiosque, me preocuparia. Agora estamos todos muito preocupados. Preocupados com o nosso vizinho e preocupados que o nosso vizinho esteja preocupado connosco. O nosso vizinho em casa, o nosso vizinho no metro, o nosso vizinho no andar superior do autocarro N.º30. Vive e deixa viver pode-nos ter dado as Olimpíadas mas vive e deixa viver pode não ser o suficiente.
How could we have forgotten that this was always going to happen?
Ian McEwan
Debaixo de chuva fina e luz fraca, as barreiras policiais, os veículos de emergência, os passageiros em silêncio nas proximidades apareciam com se de um noticiário em filme a preto e branco se tratasse. A notícia de uma bem sucedida candidatura olímpica era mais surpreendente do que isto. Como pudemos esquecer que isto acabaria sempre por acontecer?
London defined
Jonathan Freedland
Depois de uma eleição centrada no medo da imigração, Londres acaba de ver a variedade étnica como parte da sua própria natureza - e parte da sua força, mesmo contra a violência mais horrível.
O terrorismo, como todas as outras guerras, traz ao de cima o que as pessoas têm de pior, mas também o seu melhor. O melhor, neste caso, foi a reacção serena, lúcida e corajosa dos londrinos aos ataques miseráveis.
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