Sem lapso, nem trapalhada
Quando li a notícia (via A Arte da Fuga) nem quis acreditar.
Francisco Louçã a defender uma política ainda mais a prazo?...
«Verdadeiramente o que está em causa nestas eleições municipais é saber se há uma esquerda que é capaz de ser portadora de uma alternativa, de uma mudança de governo, de uma outra orientação para a Europa e para a vida social em Portugal», afirmou.Andamos mal por que os governos sucedem-se sem que reformas estruturais tomem forma. Sectores como a Educação, a Saúde, a Administração Pública, as Finanças Locais e Segurança Social são só exemplos que me ocorrem.
Se o Governo foi formado com uma maioria absoluta na Assembleia da República, a implementação de políticas menos populares é feita nos primeiros anos de governação para depois haver tempo de melhorar a imagem do Governo antes de se voltar às urnas. Se a maioria foi relativa, nem sequer se vê iniciativa governativa. É isto que queremos a acontecer no período de uma legislatura?
E agora vêm Francisco Louçã afirmar-se detentor da verdade, explicando que estas eleições autárquicas devem ser uma forma de descobrir "uma esquerda" que aponte para alternativas de governação, com orientações diferentes "para a Europa e para a vida social em Portugal". Umas eleições autárquicas? Onde vou eleger o presidente da minha Junta de Freguesia, os membros da minha Assembleia Municipal e o Presidente da minha Câmara Municipal?
Não quererá também legislaturas de dois anos? Ou então que nos governemos a nós próprios por referendos?
Como me parece que a afirmação não foi um "lapso" nem uma "trapalhada" só me resta tirar daí as consequências: as minhas opções de voto nos candidatos para as próximas eleições autárquicas está mais simplificada, com menos um partido a considerar: o Bloco de Esquerda.
P.S. - Não chegava já que a inauguração de uma boa parte das obras seja feita quando o calendário se aproxima de um acto eleitoral...
Tiro o meu chapéu a este post. Muito bem dito!
Um abraço,
AA
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