17 fevereiro 2006

DIY: Liberdade de expressão

Diga à sua mulher que a maquilhagem não a faz parecer mais nova.
Comente a infidelidade de um seu amigo em frente da família.
Pergunte à sua namorada porque razão está mais gorda.
Goze com a homossexualidade do seu colega de trabalho.
Envie um e-mail com um desenho ridículo do seu patrão aos seus colegas.

No fim, esclareça que está a exercer o seu direito à liberdade de expressão. As pessoas vão entender.

13 fevereiro 2006

World Press Photo 2006

Finbarr O’Reilly (Canadá, Reuters) conseguiu uma fotografia tocante quando captou o momento em que os dedos magros e envelhecidos de uma criança de um ano tocam os lábios da sua mãe, enquanto aguardam numa clínica de emergência alimentar em Tahoua, no Niger, a 1 de Agosto de 2005. Milhões de pessoas ficaram sem comida neste estado africano devido a uma praga de gafanhotos e à pior seca de há décadas. Esta fotografia ganhou o prémio principal do concurso mas foram também premiadas as fotografias que mais se destacaram nas várias categorias.

Este ano comemora-se ainda o 50º aniversário deste concurso, pelo que se pode visitar a galeria das várias fotografias vencedoras nos últimos 50 anos.

A não perder.

08 fevereiro 2006

Intolerância e caricaturas

A liberdade de expressão é um direito nos estados democráticos, onde o conteúdo e a forma dessa expressão são da responsabilidade dos seus autores.

A intolerância da caricatura
As caricaturas são ofensivas porque retratam o profeta Maomé e o colocam em circunstâncias que implicam a religião islâmica como a raiz da ameaça terrorista que se desenvolveu no imaginário ocidental depois dos ataques de 11 de Setembro. Alguém que trabalhe em jornalismo, acompanhando com especial atenção a realidade do mundo islâmico, deve ter tido alguma ingenuidade ou falta de preparação sobre a matéria para não ver nesses cartoons uma acusação ao islamismo. Deixou-se de lado a acusação aos reais perpetradores para acusar uma ideologia de estar na origem do mal. Não penso que seriam previsíveis as demonstrações que aconteceram, mas também não se deveria ter chegado a este ponto para perceber o erro que se cometeu.

A caricatura da intolerância
Alguns lideres islâmicos não compreendem que a ofensa não foi feita pelo estado mas pelos órgãos de comunicação que têm o direito de livremente se exprimirem nesse estado. Outros simplesmente não aceitam que o estado não tenha uma palavra a dizer (leia-se, o poder da censura) de forma a controlar o que é publicado nos "seus" jornais. De uma ou de outra forma o estado é implicado numa situação na qual nunca esteve na origem. Os manifestantes são incentivados a mostrar a sua indignação pela falta de respeito cometida contra o Islão, mas nunca vi os mesmos terem manifestações de indignação quando são outros, que não eles, as vítimas da falta de respeito, raptos, actos de vandalismo ou ataques terroristas.

É inútil apresentar pedidos de desculpa porque não há ninguém, de um ou outro lado, que queira oferecer o perdão.

03 fevereiro 2006

Milhões europeus

Fico espantado apreensivo com a credulidade que a maior parte dos portugueses têm no jogo do Euromilhões.

Por cada aposta de 2,00 € a probabilidade de conseguir acertar no primeiro prémio e no desejado jackpot é de 0,0000013%. Se este número não for suficientemente explicito digamos que de entre mais de 76 milhões de combinações de números possíveis só uma (1) será premiada com o jackpot.

Como pode um jogo de sorte (para uns, de azar para muitos mais) ser encarado como uma oportunidade séria? A semana passada, quando inquirida sobre se lhe faria falta os 50 euros gastos nas suas apostas uma senhora confirmava que sim, mas que valia a pena. A resposta foi dada antes do sorteio.

O que me repele é que é preciso atrair muitos para dar prémios a poucos. Mas eu sou mesmo assim. E o jogo também.


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