26 julho 2005

Azores

Se os Azores são parte de um país chamado Portugal,
se a língua oficial nos Azores é o Português,
se o Governo Regional dos Azores é uma entidade oficial portuguesa,
porque é que no endereço do sítio na Internet lhe chamam Azores?

15 julho 2005

Mortes longínquas

Com dois minutos de silêncio prestamos homenagem às dezenas de vítimas dos atentados em Londres. Com quantos minutos prestamos homenagem às centenas de vítimas dos atentados no Iraque? Porque nem consideramos um momento de lembrança pelas mais de 30 crianças mortas num único ataque em Bagdad? Porque para nós a vida de um inglês vale mais do que a vida de um iraquiano.

Como disse o Bruno em avatares de um desejo:
(...) quando exercitamos algo próximo da compaixão, a maior parte das vezes tudo o que fazemos é alargar o nosso egocentrismo e auto-referencialidade viciada como forma de compreender o sofrimento de outrem. (...) Longe dos media e dos jornais diários, as mortes silenciosas e a destruição por lá seguirão, suficientemente longe das nossas referências emocionais.

Todos os dias

(actualizado 2005-07-18)

Em Londres, 7 de Julho 2005.
No Iraque, todos os dias.

14 julho 2005

Sem lapso, nem trapalhada

Quando li a notícia (via A Arte da Fuga) nem quis acreditar.
Francisco Louçã a defender uma política ainda mais a prazo?...
«Verdadeiramente o que está em causa nestas eleições municipais é saber se há uma esquerda que é capaz de ser portadora de uma alternativa, de uma mudança de governo, de uma outra orientação para a Europa e para a vida social em Portugal», afirmou.
Andamos mal por que os governos sucedem-se sem que reformas estruturais tomem forma. Sectores como a Educação, a Saúde, a Administração Pública, as Finanças Locais e Segurança Social são só exemplos que me ocorrem.

Se o Governo foi formado com uma maioria absoluta na Assembleia da República, a implementação de políticas menos populares é feita nos primeiros anos de governação para depois haver tempo de melhorar a imagem do Governo antes de se voltar às urnas. Se a maioria foi relativa, nem sequer se vê iniciativa governativa. É isto que queremos a acontecer no período de uma legislatura?

E agora vêm Francisco Louçã afirmar-se detentor da verdade, explicando que estas eleições autárquicas devem ser uma forma de descobrir "uma esquerda" que aponte para alternativas de governação, com orientações diferentes "para a Europa e para a vida social em Portugal". Umas eleições autárquicas? Onde vou eleger o presidente da minha Junta de Freguesia, os membros da minha Assembleia Municipal e o Presidente da minha Câmara Municipal?
Não quererá também legislaturas de dois anos? Ou então que nos governemos a nós próprios por referendos?

Como me parece que a afirmação não foi um "lapso" nem uma "trapalhada" só me resta tirar daí as consequências: as minhas opções de voto nos candidatos para as próximas eleições autárquicas está mais simplificada, com menos um partido a considerar: o Bloco de Esquerda.

P.S. - Não chegava já que a inauguração de uma boa parte das obras seja feita quando o calendário se aproxima de um acto eleitoral...

12 julho 2005

sms 5

A maneira mais rápida de sair é nunca entrar.

08 julho 2005

Londres, ontem



'Savagely woken from a pleasant dream'
James Meek
Ontem de manhã, no meu caminho vindo de casa, dei um salto a um quiosque de jornais para comprar umas pilhas. O vendedor estava a falar ao telefone, com tristeza, sobre as atrocidades e enquanto me atendia eu lembrei-me de ter ido ao mesmo quiosque, mais ou menos à mesma hora, na manhã de 11 de Setembro de 2001. O vendedor é asiático e lembro-me que, enquanto estava lá, uma mulher branca, nos seus cinquenta, espreitou por detrás da porta e disse-lhe: "Não se preocupe, nós sabemos que não queria isto."

Era uma garantia pouco confortável e ambígua. Aquele tipo de "não se preocupe" que, se eu fosse um vendedor num quiosque, me preocuparia. Agora estamos todos muito preocupados. Preocupados com o nosso vizinho e preocupados que o nosso vizinho esteja preocupado connosco. O nosso vizinho em casa, o nosso vizinho no metro, o nosso vizinho no andar superior do autocarro N.º30. Vive e deixa viver pode-nos ter dado as Olimpíadas mas vive e deixa viver pode não ser o suficiente.

How could we have forgotten that this was always going to happen?
Ian McEwan
Debaixo de chuva fina e luz fraca, as barreiras policiais, os veículos de emergência, os passageiros em silêncio nas proximidades apareciam com se de um noticiário em filme a preto e branco se tratasse. A notícia de uma bem sucedida candidatura olímpica era mais surpreendente do que isto. Como pudemos esquecer que isto acabaria sempre por acontecer?

London defined
Jonathan Freedland
Depois de uma eleição centrada no medo da imigração, Londres acaba de ver a variedade étnica como parte da sua própria natureza - e parte da sua força, mesmo contra a violência mais horrível.

06 julho 2005

Ligado

O Caso Bicudo passa a ter uma lista dos blogs que leio com mais frequência.

Como inicialmente toda a blogosfera me era desconhecida, havia que começar a descobrir. Agora, ao fim de alguns meses, já tenho uma melhor ideia do que me interessa, das histórias, das crónicas, das opiniões, dos factos, das ficções, das realidades, e de outros textos que gosto de ler. Mas não fico por aqui. A leitura não me chega, por isso dou também lugar à imagem, incluindo algumas ligações a blogs de fotografia ou ilustração.

Espero que gostem também.

P.S. - Embora tenham deixado de publicar recentemente, não quis deixar de incluir as ligações para o Barnabé e para o Webcedário.


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