30 agosto 2005

A oportunidade depois do fogo

É verdade que a floresta ardida é um valor perdido, mas agora que ardeu não podemos deixar passar a oportunidade de planear e aplicar algum ordenamento às áreas queimadas e às vizinhas destas.

O diploma que regulamenta a criação de Zonas de Intervenção Florestal pode ter ainda algumas limitações, mas desenvolve um modelo que pode ajudar a ultrapassar vários obstáculos que se colocam à exploração florestal nos moldes em que é praticada no nosso país.

Fica-me somente a dúvida sobre qual será o grau de adopção das ZIF, uma vez que a iniciativa é deixada aos proprietários. Se os proprietários não entenderam, até agora, as vantagens de se associarem, de coordenarem a gestão das suas propriedades florestais e de montarem uma defesa conjunta aos incêndios, o que os fará mudar de atitude?

25 agosto 2005

Até que a morte nos separe

Vamos imaginar que ao casar, a lei permitia escolher um de dois regimes. Num, o matrimónio constituiria um contrato que poderia ser anulado através de divórcio. Este é o que existe e se pratica actualmente. Noutro, o matrimonio constituiria um pacto insolúvel, inquebrável, que manteria o compromisso inicialmente assumido pelas duas pessoas até ao falecimento de uma delas. Este é o que é muitas vezes prometido nas cerimónias em que se celebra o matrimónio.

Ter que optar conscientemente podia tornar-se embaraçoso para alguns, mas era, pelo menos, honesto para todos.

Logro por SMS

A ingenuidade alheia ainda permite que estas coisas aconteçam. A táctica tem sido usada até à exaustão nas mensagens por e-mail. Hoje chegou-me o primeiro logro por SMS. Será a novidade do meio de divulgação que lhe empresta alguma credibilidade?
Reenc: De:
+35191xxxxxxx
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24 agosto 2005

Sitemeter & Co.

Acreditar nos números do Sitemeter de um blog pode ser a mesma coisa que acreditar num pescador que conta "aquela" história da grande pescaria ou do grande peixe que quase apanhou. Variações com outros contadores de estatísticas ou com caçadores também se aplicam.

Um contador é uma boa ferramenta para ver alguns detalhes sobre as visitas ao blog. O facto de ser transversal a diferentes sistemas e de utilização corrente candidata-o a ferramenta de comparação de audiências. Mas aí coloco as minhas reticências... Quem me diz que os bloggers os manipulam (usam) com os mesmos critérios?

Com alguma ignorância sobre a tecnologia, o contador pode estar a incluir as "auto-visitas". Sem algum cuidado na escolha do contador e na sua devida configuração o blogger pode ver os seus acessos ao seu blog serem incluídos no valor total. Com pouco mais conhecimento, de um modo propositado, em alguns casos, consegue-se iniciar a contagem num valor escolhido, ou pode-se inflacionar com actualizações da página (refresh).

Ou seja, a história do pescador nem sempre corresponde à verdade.

O contexto:
A ler / ver
(José Pacheco Pereira sobre o artigo de Paulo Querido na Única)
Blogs, Expresso e Paulo Querido: resposta a duas discordâncias
(PQ, antes da resposta a JPP)
Réplica ao Abrupto
(PQ em resposta a JPP)
Statistics are Meaningless
(Rui Carmo)
Contributo para a discussão sobre estatísticas
(PQ)

Dar música

No monitor o dedo electrónico flutua sobre a ligação ao blog que se segue. Carrego na tecla do rato. A página de entrada é encontrada e carregada enquanto as luzes do modem piscam com toda a actividade. Já estou a começar a ler o primeiro post quando reparo que o modem... o modem continua o seu frenesim!

Bem-aventurados os possuidores de ligações de banda larga sem limite de tráfego. Só esses!

22 agosto 2005

A lei antes do fogo

Decreto-Lei n.º 156/2004
de 30 de Junho


Artigo 1.º
Objecto e âmbito de aplicação

1 — O presente diploma estabelece as medidas e acções a desenvolver no âmbito do Sistema Nacional de Prevenção e Protecção da Floresta contra Incêndios.

[...]

Artigo 16.º
Redução do risco de incêndio

[...]
2 — Nos espaços rurais a entidade ou entidades que, a qualquer título, detenham a administração dos terrenos circundantes são obrigadas à limpeza de uma faixa de largura mínima de 50 m à volta de habitações, estaleiros, armazéns, oficinas ou outras edificações.
3 — Nos aglomerados populacionais inseridos ou confinantes com áreas florestais é obrigatória a limpeza de uma faixa exterior de protecção de largura mínima não inferior a 100 m, competindo à câmara municipal realizar os trabalhos de limpeza, podendo, mediante protocolo, delegar na junta de freguesia.
4 — Nos parques e polígonos industriais e nos aterros sanitários inseridos ou confinantes com áreas florestais é obrigatória a limpeza de uma faixa envolvente de protecção com uma largura mínima não inferior a 100 m, [...]

[...]

Artigo 21.º
Queima de sobrantes e realização de fogueiras

1 — Em todos os espaços rurais, durante o período crítico* não é permitido:
a) Realizar fogueiras para recreio ou lazer e para confecção de alimentos, bem como utilizar equipamentos de queima e de combustão destinados à iluminação ou à confecção de alimentos;
b) Queimar matos cortados e amontoados e qualquer tipo de sobrantes de exploração.

[...]

Artigo 22.º
Foguetes e outras formas de fogo

1 — Em todos os espaços rurais, durante o período* crítico:
a) O lançamento de foguetes, de balões com mecha acesa e qualquer tipo de fogo de artifício ou outros artefactos pirotécnicos não são permitidos, excepto quando não produzam recaída incandescente;
[...]
2 — Nas áreas florestais, durante o período crítico*, não é permitido fumar ou fazer lume de qualquer tipo no seu interior ou nas vias que as delimitam ou as atravessam.


--
* Período de "1 de Julho a 30 de Setembro, durante o qual vigoram medidas especiais de prevenção contra incêndios florestais, por força de circunstâncias meteorológicas excepcionais, este período pode ser alterado por portaria do Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas".

Antes ou depois do fogo?

Escolher a vacina ou o tratamento da doença?
Escolher a prevenção ou a punição da criminalidade?
Escolher a prevenção ou o combate aos incêndios florestais?
Escolher o ordenamento do espaço florestal ou o aumento dos meios de combate?

Porque não se defende as medidas preventivas dos incêndios, pelo menos com tanta convicção quanto se defende mais e melhores meios para o combate? Porque quando arde o remédio é combater. Quando não arde, deixa de ser assunto, não se fala de combate, nem de prevenção.

P.S. - Ontem, Jorge Sampaio chegou à conclusão que só o combate não chega.

17 agosto 2005

Dia positivo 5


"McDonald Lake, Glacier National Park", Montana, 1941-42
de Ansel Adams
National Archives and Records Administration, Records of the National Park Service

10 agosto 2005

sms 7

Não disse?

09 agosto 2005

"Fires in Portugal"


Image of the Day - Fires in Portugal
NASA's Earth Observatory

Para além do destaque como Imagem do Dia (tirada a 5 de Agosto, publicada no dia 6) é ainda possível consultar a história recente dos Fogos em Portugal, publicada por este Observatório.

A Muralha da China não é a única coisa feita pelo Homem que se vê do espaço...

sms 6

Os fogos dão melhores notícias que as medidas de prevenção.

Além da OTA

A campanha lançada por José Pacheco Pereira teve o mérito de mobilizar vários blogs, a ponto de tornar incómodo o silêncio do Governo perante o pedido de divulgação dos estudos que supostamente teriam servido de base à decisão de avançar com a construção do Aeroporto da Ota. Resultou.

Neste contexto de decisões estratégicas acho que seria esclarecedor da opinião pública a divulgação dos documentos, estudos e afins que servem de base às grandes decisões do Governo. Ficaríamos mais esclarecidos sobre quanto das decisões tomadas é técnico ou é político.

Não haverá alguém interessado em saber porque se optou por aumentar o IVA? Porque se considera vantajoso o investimento no TGV? Porque se investe em parques eólicos? Porque não se cobram portagens em determinadas auto-estradas? Não se vê a mesma determinação em reduzir a despesa do Estado. Não se explica porque a linha do Norte não permite a velocidade máxima dos comboios pendulares depois de se ter investido tanto dinheiro na sua renovação. Não se explica porque não são dadas iguais oportunidades à utilização de outras energias renováveis. Não se explicam os critérios para dar vantagem aos utilizadores de umas e não de outras auto-estradas. Por vezes ficam-me dúvidas se estaremos a ser governados pela sabedoria ou pelas sondagens.

Compreendo que a divulgação destes documentos potencia um aumento da entropia, com um debate sem fim, mas não vejo a necessidade de passarmos deste extremo para esse. É possível esclarecer e ouvir enquanto se governa.

07 agosto 2005

Uma solução sem análise?

Em relação ao "Manifesto" de 13 economistas portugueses que alertava para o "risco das grandes obras públicas", o Ministro da Obras Públicas, Transportes e Comunicações respondeu (citação via Abrupto)
"Respeito muito os signatários, mas há sociedades que valorizam mais a especulação e a análise, enquanto outras valorizam mais a busca de soluções."
(Manuel Pinto, Diário Económico, 28-07-05)
Ainda não consigo entender como pode o senhor Ministro Manuel Pinto desculpar-se de fazer do modo como quer fazer dizendo que "há sociedades que valorizam mais a especulação e a análise, enquanto outras valorizam mais a busca de soluções".

De um lado coloca "a busca de soluções" do outro "a especulação e a análise".

Posso daí interpretar que o Ministro:
  • dá à análise a mesma apreciação negativa que à especulação a ponto de as colocar no "mesmo saco"?
  • vê na análise uma oposição à busca de soluções?
  • busca soluções sem fazer uma análise?

05 agosto 2005

Problema dos outros

Se conseguisse ignorar o calor que atinge hoje valores extremos, se não soubesse da dificuldade em controlar os inúmeros incêndios que ocorrem pelo país, se uma névoa de fumo não cobrisse a Grande Lisboa (e outras zonas do país), se não soubesse das notícias, se não estivesse a ler "Bastante mais grave do que pensava", se as autoridades conseguissem demonstrar a organização que não têm, se estes fogos não reduzissem a cinzas todos os recursos que encontram pela frente, se não tivesse trabalhado em áreas completamente carbonizadas, se não tivesse trabalhado em áreas protegidas, incendiadas dias mais tarde,

Talvez conseguisse pensar que o problema é dos outros.

03 agosto 2005

Diminutivo

O empregado de mesa: Então, vai ser um peixinho grelhado com umas batatinhas cozidas e verdurinha... e para beber?
Uma garrafinha de água? Sim senhor. Deseja mais alguma coisinha?


Devo sentir-me melhor atendido?

02 agosto 2005

Soletrar

Soletrar pode ser atraente se usarmos Spell with flickr
(via Azenhas do Mar)

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Asign - sheratonspinnin fire while on the phone
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